COZINHA CONFIDENCIAL

Anthony Bourdain não era um chef que eu curtia muito. Era "mutcho" vida louca.

O programa dele, "Sem reservas", que explorava os cantos mais escondidos do mundo e sua respectiva culinária, era até bacana. Porém, ele sempre usou de um linguajar um tanto quanto vulgar para manifestar-se. Li por aí que explorou a culinária de mais de 50 países, inclusive do Brasil - Rio e São Paulo. O fato é que os programas dele aliam sempre viagem e gastronomia e, independente do tipo cínico, debochado e irreverente, sempre havia muita informação que me interessava.

No entanto, há alguns meses, estava em uma livraria, e deparei-me com o livro dele, "Cozinha Confidencial", sem que nunca tivesse ouvido falar sobre o livro antes. Algumas semanas depois, acabei ganhando-o de presente. Este livro, lançado no ano de 2000, transformou o chef de cozinha Anthony Bourdain em escritor, apresentador de programas, celebridade, propagador de ideias... O livro conta as entranhas da vida de um chef profissional, mesclando fatos da vida real dele: como descobriu que queria ser um chef, como iniciou a carreira, como trabalhou em lugares não tão bacanas, como atingiu o ápice e, especialmente, as dificuldades pessoais que enfrentou. Ele não era o que podemos chamar de politicamente correto: usuário de drogas assumido, boêmio por natureza, andarilho do mundo...



O certo é que a paixão pela comida o movia. Literalmente. Ele conheceu o mundo inteiro. Literalmente. Ele experimentou muitas, muitas comidas do mundo inteiro, dos cantos mais escondidos aos dos melhores restaurantes estrelados. Basta ver alguns episódios do "Sem reservas" ou do "Layover" para entender do que falo. As séries estão disponíveis - algumas temporadas ao menos -, no Now da Net e algum tempo atrás também estavam no Netflix. Assisti alguns episódios de ambos. Bourdain tem muito conteúdo e conhecimento sobre o que come, experimenta e por onde anda. Isso, por si só, já é uma aula de cultura geral.

Programa Layover


Programa Sem Reservas

Voltando ao "Cozinha Confidencial", apesar de o livro contar "as entranhas da culinária", ele também traz boas lições de vida aprendidas pelo chef. Algumas que eu achei interessante, que servem para a vida:

"Se eu for um defensor de qualquer coisa, é para se mover. Tão longe quanto você puder, tantas vezes quanto você puder. Seja para o outro lado do oceano ou simplesmente para o outro lado do rio. Se coloque no lugar de outras pessoas ou pelo menos coma sua comida. É um adicional para todo mundo".

"Habilidades podem ser ensinadas. Caráter é algo que você tem ou não tem".

"Não minta sobre alguma coisa. Você cometeu um erro. Admita e siga em frente. Apenas não faça isso de novo. Nunca mais".


"Viajar muda você. Enquanto vocês se move através desta vida e deste mundo, você muda as coisas ligeiramente, deixa marcas para trás, por menores que sejam. E, em troca, a vida e as viagens deixam marcas em você".


"Eu acredito muito em voar. Acredito piamente que você nunca encontrará uma experiência perfeita de viagem na cidade ou a refeição perfeita sem a constante disposição de vivenciar uma experiência ruim. Deixar que o feliz acidente aconteça é o que muitos itinerários de férias perdem, eu acho, e estou sempre tentando forçar as pessoas a permitir que essas coisas aconteçam, em vez de seguir um roteiro rígido".


"Boa comida é muitas vezes, mesmo na maioria das vezes, comida simples".



Bem, Antonhy Bourdain, esse gênio da cozinha e da gastronomia aliada a viagens, suicidou-se em junho deste ano. O mundo era pequeno para ele. Fica a dica de livro para quem gosta de biografias e, especialmente, assuntos relacionados à culinária.

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