Caso alguém vá a Manaus e pretenda experimentar verdadeiras iguarias locais, DEVE ir ao restaurante "O Lenhador - Sabores Exóticos". É um restaurante que prima pelos ingredientes e preparos locais acima de tudo. Há também aquilo que, mesmo em Manaus, não é encontrado em qualquer lugar.
Primeiramente, é importante ressaltar que o Restaurante possui licença do Ministério do Meio Ambiente e do IBAMA para comercializar as carnes exóticas de animais típicos da Floresta Amazônica, tais como jacaré e tartaruga. A tal licença está bem ostensiva em uma parede do caixa para quem quiser verificar ou tiver alguma dúvida (tem que ser!).
O local é todo decorado com temas locais: barcos, quadros de indígenas e figuras de animais típicos da Amazônia, bem rústico. O buffet, inclusive, tem a forma de um grande barco.
A casa funciona do seguinte modo: ou a pessoa opta pelo buffet "básico" (R$ 37) ou pela sequência especial que inclui todo o buffet e mais uma sequência de outras iguarias que são servidas na mesa (R$ 60). Estávamos em um grupo grande e, por isso, alguns pediram a sequência especial que pôde ser degustada por todos. É possível, ainda, pedir pratos a la carte.
Mas, o tal buffet básico não é nada básico. Além dos clássicos de Manaus como costelinha de tambaqui assado, baião de dois (uma mistura enxuta de arroz com feijão bem temperada), vinagrete e farofa com farinha de Uarini (essa é a combinação que existe em TODO lugar), o tal buffet básico incluía guisado de tartaruga, nacos de tartaruga ensopada, jacaré grelhado, bolinho de jacaré frito, arraia à dorê e torresmo de pirarucu.
Experimentei TUDO! Apesar de existir um certo receio por se tratarem de carnes exóticas, era tudo muito gostoso e bem temperado. A carne de jacaré é muito parecida com o frango no que diz respeito à consistência e textura. O gosto é de filé de peixe. Um pouco mais firme e seca, eu diria. Uma curiosidade sobre a carne de jacaré: é utilizada apenas aquela do rabo, pois é a única comestível e macia o suficiente para tanto.
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Carne de jacaré grelhada |
Outro preparo utilizando a carne do jacaré era o bolinho. Super saboroso, embora QUALQUER fritura acabe agradando!
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Bolinho de carne de jacaré: aprovado |
A carne de tartaruga não sei se vou conseguir explicar muito bem. Mas vamos lá: o ensopado era bem saboroso. Eram grandes ossos e cartilagens que estavam envoltos em nacos de carne. Ela é firme e de gosto bem marcante, como outras carnes de caça. Nesse preparo, fica bem parecido com carne de panela, com essas diferenças que apontei. Também de tartaruga, tinha no buffet um picadinho, bem parecido com guisado de carne bovina. O gosto inclusive.
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Carne de tartaruga ensopada |
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Picadinho de tartaruga |
Seguindo nas carnes exóticas, havia também carne de arraia à dorê. Gosto de peixe, tipo cascudinho que se come na beira da praia. O preparo em si estava um primor.
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Arraia à dorê |
O torresmo de pirarucu era uma COISA de bom, tanto que me servi duas vezes. Salgadinho e super crocante, um petisco daqueles, consistência igualzinha ao do torresmo que conhecemos. O pirarucu é um peixe super nativo da Amazônia, chamado de bacalhau amazônico, inclusive sendo vendido em mantas salgadas no mercado municipal.
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Torresmo de Pirarucu (merece letra maiúscula) |
O buffet incluía também tambaqui no tucupi, jambu no tucupi (como acompanhamento), banana pacovã chips e grelhada, vatapá, e muitos, mas MUITOS outros pratos e acompanhamentos que eu nem saberia nominar todos. Possui, seguramente, mais de 30 tipos de pratos inclusos.
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Tambaqui no tucupi |
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Jambu no tucupi |
Quanto à sequência especial, alguns itens estavam em falta no dia, mas seria composta de risoto de camarão, sarapatel, arraia grelhada, siri, entre outros... No entanto, o buffet possui tantas opções que a tal sequência especial não faz falta alguma na experiência gastronômica.
O gran finale foi um pudim de tapioca delicioso. Havia outras sobremesas oferecidas, mas apenas esse pudim e um mousse de cupuaçu eram bem locais. Ambos deliciosos!
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Pudim de tapioca |
Para encerrar, deixo algumas fotinhos do local:
A riqueza da Amazônia não é algo que possa ser mensurada por nós, moradores do sul ou sudeste do país. A imensidão da floresta certamente é proporcional ao que ela pode oferecer em termos de alimentação e riqueza de sabores. Confesso que não comi nada que me desagradou no Lenhador ou em qualquer outro restaurante regional, à exceção de uma larva que experimentei em uma aldeia indígena. Mas aí né...forcei!
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